Avaliação Inicial da vítima no atendimento pré-hospitalar









Uma atenção pré-hospitalar qualificada é de suma importância para que a vítima chegue viva ao hospital. Nos locais onde esse sistema é inadequado, a mortalidade hospitalar por trauma, por exemplo, é baixa, porque os pacientes graves morrem no local do acidente, ou durante o transporte.Para conhecer mais sobre a caracterização dos serviços de urgência e emergência, SAMU, normatização e legislação do Atendimento Pré-hospitalar (APH) no Brasil, leia sobre a Política Nacional de Atenção às Urgências, documento disponível no site do Ministério da Saúde:

O socorrista, ao decidir intervir em determinada ocorrência no ambiente pré-hospitalar, deverá seguir algumas regras básicas de atendimento:

1) AVALIAR CUIDADOSAMENTE O CENÁRIO
– Qual a situação? Observar, reconhecer e avaliar cuidadosamente os riscos que o ambiente oferece (para você, sua equipe e terceiros – paciente, familiares, testemunhas, curiosos), qual o número de vítimas envolvidas, gravidade, etc.
– Como a situação pode evoluir? Tenha sempre em mente que o ambiente pré-hospitalar nunca está 100% seguro e uma situação aparentemente controlada pode tornar-se instável e perigosa a qualquer momento. Portanto, a segurança deverá ser reavaliada constantemente!
– Identifique as ameaças ao seu redor, tais como riscos de atropelamento, colisão, explosão, desabamentos, eletrocussão, agressões, etc. Na existência de qualquer perigo em potencial, aguarde o socorro especializado. Lembre-se: não se torne mais uma vítima! Quanto menor o número de vítimas, melhor.
– Que recursos devem ser acionados? Verifique se há necessidade de solicitar recursos adicionais, tais como corpo de bombeiros, defesa civil, polícia militar, companhia elétrica, etc.

2) ACIONAR A EQUIPE DE RESGATE especializado e autoridades competentes, caso seja necessário, conforme avaliação anterior. Não devemos esquecer que solicitar o serviço de socorro pré-hospitalar profissional é tão importante quanto cuidar da própria vítima. Na maioria das cidades brasileiras, os principais números para acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), serviço de salvamento e resgate (Corpo de Bombeiros) e Polícia Militar, são respectivamente: 192, 193 e 190.

3) SINALIZAR O LOCAL: isso é especialmente importante em casos de acidentes automobilísticos, portanto não se esqueça de sinalizar a cena e torná-la o mais segura possível. Utilize o triângulo de sinalização, pisca – alerta, faróis, cones, galhos de árvores, etc.

4) Utilizar BARREIRAS DE PROTEÇÃO contra doenças contagiosas. Ao examinar e manipular a vítima, o socorrista deverá tomar todas as precauções para evitar a sua contaminação por agentes infecciosos, sangue, secreções ou produtos químicos. O uso de equipamento de proteção individual (EPI), tais como luvas descartáveis, óculos de proteção, máscaras e aventais, é essencial para a segurança do profissional de saúde em atendimento. Portanto, proteger-se de qualquer contaminação e minimizar os riscos de exposição fazendo uso das precauções universais é uma obrigação da pessoa que presta o socorro. Lembre-se do bom-senso: a sua segurança em primeiro lugar, correto? Lembramos ainda que a lavagem de mãos com água e sabão deverá ser feita rigorosamente antes e após cada atendimento. Esse é um hábito imprescindível a ser adotado tanto no ambiente pré-hospitalar quanto hospitalar, por todos os profissionais de saúde.

5) RELACIONAR TESTEMUNHAS para sua própria proteção pessoal, profissional e legal enquanto prestador de socorro.

6) ABORDAGEM E AVALIAÇÃO DA VÍTIMA
Após avaliar o ambiente e tomar todas as precauções de segurança e proteção individuais, o socorrista deverá se identificar e se apresentar à vítima dizendo: “Sou um profissional de saúde. Posso ajudar?” Em seguida, devidamente autorizado a prestar auxílio e observando todos os aspectos pessoais e legais da cena do acidente (ou doença aguda), o profissional poderá intervir diretamente no atendimento.
É fundamental que o socorrista profissional classifique a vítima em adulto, criança ou bebê, pois os procedimentos de SBV, caso sejam necessários, serão adotados respeitando-se essa classificação, de acordo com as últimas recomendações (2005) da American Heart Association.
• Bebê (“lactente”): do nascimento ao primeiro ano de vida.
• Criança: do primeiro ano de vida até o início da puberdade (por ex: desenvolvimento das mamas em meninas e pelos axilares nos meninos).
• Adulto: a partir da puberdade.



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Saiba mais sobre o Atendimento pré-hospitalar




Segundo o Conselho Federal de Medicina (Resolução CFM nº 1451/95), “define-se por urgência a ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou sem risco potencial de vida, cujo portador necessita de assistência médica imediata.” Já o conceito de emergência é entendido como “a constatação médica de condições de agravo à saúde que impliquem em risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo, portanto, tratamento médico imediato.”
De forma mais objetiva, a urgência é uma situação onde não existe risco imediato à vida (ou risco de morte). O atendimento requer rapidez, mas o paciente pode aguardar tratamento definitivo e solução em curto prazo (algumas literaturas se referem a um prazo de até 24 horas). A emergência geralmente implica estarmos diante de uma situação de aparecimento súbito e imprevisto, grave, crítica e que exige ação imediata, pois a ameaça à vida é grande.

Como o próprio nome diz, o serviço de Atendimento Pré-hospitalar (APH) envolve todas as ações efetuadas com o paciente, antes da chegada dele ao ambiente hospitalar.

Compreende, portanto, três etapas:
1) Assistência ao paciente na cena (no local da ocorrência);
2) Transporte do paciente até o hospital;
3) Chegada do paciente ao hospital.

O APH divide-se, ainda, basicamente em duas modalidades de atendimento:

• Suporte Básico à vida (SBV): caracteriza-se por não realizar manobras invasivas.
• Suporte Avançado à Vida (SAV): tem como característica a realização de procedimentos invasivos de suporte ventilatório e circulatório, como, por exemplo, a intubação orotraqueal, acesso venoso e administração de medicamentos. Geralmente, o suporte avançado é prestado por equipe composta por médico e enfermeiro.

O APH tem como objetivos específicos preservar as condições vitais e transportar a vítima sem causar traumas iatrogênicos durante sua abordagem, como, por exemplo, danos ocorridos durante manipulação e remoção inadequada (do interior de ferragens, escombros, etc.). O socorrista deve ter como princípio básico evitar o agravamento das lesões e procurar estabilizar as funções ventilatórias e hemodinâmicas do paciente.

As condições essenciais para que esses objetivos sejam alcançados são: pessoal qualificado e devidamente treinado; veículos de transporte apropriados e equipados, sendo inclusive dotados de meio de comunicação direta com o centro que receberá a vítima e hospitais de referência estrategicamente localizados, com infraestrutura material e recursos humanos adequados.
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Atendimento pré-hospitalar e a multidisciplinaridade



O serviço de atendimento pré-hospitalar é um conjunto de ações médicas de emergência, realizada por uma equipe fora do ambiente hospitalar. Por ter suas ações mais concentradas em urgências e emergências, esse tipo de atendimento geralmente é feito a pacientes que apresentam vários tipos de distúrbios sendo clínicos (neurológicos, cardíacos, psiquiátricos, etc) ou traumáticos (acidentes automobilísticos, quedas, agressões etc).

O atendimento pré-hospitalar (APH) móvel faz parte do sistema de assistência às urgências, constituindo-se um tipo de serviço de saúde recente no Brasil. Caracteriza-se por prestar assistência às pessoas em situações de agravos urgentes nas cenas em que os eventos ocorrem, garantindo atendimento precoce e adequado, assim como o acesso do usuário ao Sistema de Saúde. Esses eventos podem ser de natureza clínica, cirúrgica, traumática ou psiquiátrica, os quais causam sofrimento, seqüelas temporárias ou permanentes, podendo levar a vítima à morte

O APH pode influir positivamente nas taxas de morbidade e mortalidade por trauma. Os acidentes de trânsito, nas duas últimas décadas, têm sido uma das principais razões das mortes por causas externas no Rio Grande do Sul, tendo representado 26,6% desses óbitos, em 2006. No atendimento às vítimas de trauma decorrente de acidente de trânsito, o atendimento pré-hospitalar móvel possibilita diminuir a mortalidade dos acidentados e minimizar as seqüelas decorrentes de um primeiro atendimento tardio ou inadequado

Na prática cotidiana dos serviços de APH, o trabalho se estrutura a partir de instrumentos tecnológicos e do estabelecimento de relações entre os atores, especialmente no atendimento à vítima de acidentes de trânsito, quando várias áreas se envolvem nessa assistência. O trabalho desenvolvido caracteriza-se como um trabalho coletivo, cujo resultado depende dos atos de cada um desses atores, que atuam de acordo com seus saberes e práticas específicos, e por todos eles no seu conjunto. As ações são desenvolvidas por vários profissionais, respeitadas as especificidades, competências e responsabilidades de cada membro da equipe.

No trabalho coletivo sempre há espaço para diálogo, para reflexão, tomada de decisão conjunta, na busca de um objetivo único que é a qualidade do cuidado prestado. A comunicação e a interação são potentes ferramentas desse trabalho, por meio do qual o trabalhador introduz mudanças na relação de poder existente, tanto entre categorias profissionais, quanto entre profissional-usuário.

O trabalho em equipe é uma modalidade do trabalho coletivo que se configura na relação recíproca entre as intervenções técnicas e a interação dos agentes. Na relação entre trabalho e interação, os profissionais constroem consensos que configuram um projeto assistencial comum, em torno do qual se dá a integração da equipe de trabalho.



A finalidade do APH na assistência à pessoa que sofreu acidente de trânsito é mantê-la viva até a chegada ao local onde será possível curá-la, diminuir as seqüelas, possibilitando melhor qualidade de vida ou mesmo sua própria vida. Considerando que o objeto de trabalho é a pessoa vítima de trauma por acidente de trânsito e o tempo para cumprir com sua finalidade é extremamente curto, torna-se necessário uma organização do trabalho no APH fundamentado no trabalho em equipe.

As publicações referentes ao atendimento pré-hospitalar móvel ainda são incipientes no Brasil, especialmente enfocando o trabalho em equipe em situações que envolvem acidentes de trânsito. Portanto, este estudo, ao discutir a interação dos diferentes profissionais que se envolvem nesse tipo de atendimento e a articulação das ações executadas, pode contribuir para a organização do processo de trabalho.




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Como funciona o atendimento pré-hospitalar?




Por mais que o atendimento seja feito com a mesma relevância se como se o paciente estivesse internado num hospital, ele apresenta algumas características próprias:

É um serviço prestado 24 horas, todos os dias da semana;
Encaminha o paciente para a devida especialidade a ser atendida, sem passar por uma pré-consulta;
Oferece orientação para outras situações que envolvam situações graves;
O paciente pode ser monitorado à distância, caso haja indisponibilidade de acesso ao local da ocorrência.

Com todos esses detalhes e mais alguns que podem ser vistos com o decorrer das ocorrências, esse atendimento pode ser dividido de acordo com a legislação brasileira de saúde.

O Atendimento Fixo – Atendimento em unidade básica de saúde e UPA’s

O atendimento fixo se concentra em dar assistência aos pacientes em unidades básicas de saúde, unidades de pronto atendimento ou outros centros médicos que oferecem apoio a situações menos graves ou de baixa complexidade. É conhecido também como um atendimento primário.

Além disso, o atendimento fixo também fornece ajuda a urgências e emergências em unidades não hospitalares.

O Atendimento Móvel

Da mesma forma que o atendimento fixo, o móvel também segue basicamente as mesmas características. Porém, suas divisões são diferentes. A primária concentra-se em dar apoio a um pedido de socorro de um cidadão. Já o nível secundário procura atender pacientes que já passaram do atendimento primário e já possuem uma estabilidade no quadro de urgência, mas precisam dar seguimento a um atendimento de complexidade maior.

Por ser uma atribuição da área da saúde, a legislação brasileira de saúde determina que o atendimento móvel precisa estar vinculado a uma Central de Regulação de urgências e emergências com todo o aparato necessário para realizar o serviço.

O atendimento pré-hospitalar inclui o apoio de equipes e ambulâncias especializadas em UTI’s, a fim de minimizar os efeitos de casos até bem mais graves. Para que um socorrista tenha um melhor desempenho para atuar durante a situação, é necessário ter conhecimento de primeiros socorros, acidente de múltiplas vítimas (AMUV), ressuscitação cardiopulmonar (RCP) e desfibrilador externo automático (DEA), dentre outros.

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A Atuação da Enfermeira no Atendimento Pré-Hospitalar



Atualmente, no Brasil, o atendimento pré-hospitalar está estruturado em duas modalidades: o Suporte Básico à Vida (SBV) e o Suporte Avançado à Vida (SAV)(11). O SBV consiste na preservação da vida, sem manobras invasivas, em que o atendimento é realizado por pessoas treinadas em primeiros socorros e atuam sob supervisão médica. Já o SAV tem como características manobras invasivas, de maior complexidade e, por este motivo, esse atendimento é realizado exclusivamente por médico e enfermeira. Assim, a atuação da enfermeira está justamente relacionada à assistência direta ao paciente grave sob risco de morte.

Esta incorporação da enfermeira no atendimento pré-hospitalar não é nova, como foi citado anteriormente, quando estas estiveram presentes nas grandes guerras; mas só é bem evidenciada no Brasil a partir da década de 90, quando a estruturação do atendimento às urgências/emergências ganha um novo foco.

Dentre os diversos dados levantados, encontrou-se várias descrições de atribuições da enfermeira e recomendações sobre seu perfil: possuir formação e experiência profissional, extrema competência, habilidade, capacidade física, capacidade de lidar com estresse, capacidade de tomar decisões rapidamente, de definir de prioridades e saber trabalhar em equipe(10).

Apesar dessas recomendações apenas recentemente se iniciaram, no Brasil, cursos de especialização específicos para atendimento pré-hospitalar.

No seu estudo, Thomaz(7) diz: "o enfermeiro é participante ativo da equipe de atendimento pré hospitalar e assume em conjunto com a equipe a responsabilidade pela assistência prestada as vítimas. Atua onde há restrição de espaço físico e em ambientes diversos, em situações de limite de tempo, da vítima e da cena e portanto são necessárias decisões imediatas, baseadas em conhecimento e rápida avaliação".

Todavia a atuação do enfermeiro não se restringe à assistência direta. Azevedo(6) relata: "Ao longo dos últimos anos, tenho participado de vários cursos de capacitação técnica e capacitação pedagógica, já que o enfermeiro, neste sistema, além de executar o socorro às vítimas em situação de emergência e fora do ambiente hospitalar, também desenvolve atividades educativas como instrutor. Como parte da equipe técnica, participo na revisão dos protocolos de atendimentos, elaboração do material didático, além de atuar junto à equipe multiprofissional na ocorrência de calamidades e acidentes de grandes proporções".

No Brasil, a atuação do enfermeiro e a sua capacitação está em atraso, se comparados com outros países como, por exemplo, Estados Unidos e França, que possuem um sistema de APH mais desenvolvido, nos quais os enfermeiros têm sua função consolidada e reconhecida em seus sistemas de atendimento. Mas, mesmo nos países desenvolvidos, a função do enfermeiro é constantemente repensada.

Thomaz(7) informa que a Emergency Nurses Association propõe que o grau de dependência ou independência nas intervenções do enfermeiro esteja relacionado com as ações práticas da enfermagem e com uma política institucional e educacional. Entre as proposições daquela entidade está o desenvolvimento de protocolos de atendimento ao trauma, que têm possibilitado, à enfermeira, atuar com um grau maior de independência, conservando o aspecto de interdependência das atividades da equipe de atendimento ao prover os cuidados aos pacientes vítimas de trauma. Em relação aos protocolos é importante registrar que, no Brasil, são utilizadas referências internacionais, com adaptações à realidade nacional.

A questão da atuação de profissionais não-médicos com treinamento específico e a atuação de médicos e enfermeiros, que possuem maior grau de conhecimento e especificidade para prestar atendimento às vítimas, é discutida e questionada em todos os países que possuem sistemas de atendimento pré-hospitalar. A problemática se iguala: se por um lado fica a dúvida - até que ponto profissionais não-médicos pode ser treinados e se tornarem capazes de realizarem procedimentos médicos, por delegação do mesmo, por outro lado, fica a restrição de sustentar um sistema exclusivamente por médicos e enfermeiras, cuja remuneração é mais alta do que os para-profissionais.

Na França, os governantes partiram do seguinte princípio: nenhum treinamento pode substituir o currículo das escolas médicas e de enfermagem que ensinam, durante anos, a reconhecer as doenças, a indicar e a realizar o seu tratamento. Contudo, eles enfrentam alguns problemas, como a falta de recursos para manter o sistema, que tem custo muito elevado, e a falta de médicos para manter o sistema ativo6.

Já para os norte-americanos, que se baseiam em pesquisas quantitativas, o paramédico bem treinado é capaz de oferecer os mesmos cuidados de emergência que um médico, desde que as condutas médicas de emergência sejam sistematizadas. No entanto, o paramédico deve estar em contato com a central de comunicação recebendo instruções do médico responsável(10).

No Brasil, a antiga CRAPS, propôs um sistema de atendimento pré-hospitalar realizado exclusivamente por médicos, mas o fator econômico inviabilizou essa proposta, ficando a participação dos médicos e enfermeiras limitada a casos de maior gravidade, para os quais são previstas duas ambulâncias mais equipadas os veículos de "suporte avançado", ou UTI móvel, e um helicóptero(10).

Como se pode apreciar no acima exposto, o caminho percorrido desde a inserção da enfermeira no APH, seja no Brasil ou em países mais adiantados nesse sistema, ainda está por ser consolidado. Contudo, já se pode vislumbrar que, em pouco mais de duas décadas de atuação nesses serviços em nosso país, sua participação tem constantemente se ampliado e tornado-se imprescindível e definitiva.




Referências

6. Azevedo TMVE. Atendimento pré-hospitalar na Prefeitura do Município de São Paulo: análise do processo de capacitação das equipes multiprofissionais fundamentada na promoção da saúde [dissertação]. São Paulo (SP): Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2002. [ Links ]

7. Thomaz RR, Lima FV. Atuação do enfermeiro no atendimento pré hospitalar na cidade de São Paulo. Acta Paul Enferm 2000; 13(3): 59-65. [ Links ]

8. Martins PPS, Prado ML. Enfermagem e serviço de atendimento pré-hospitalar: descaminhos e perspectivas. Rev Bras Enferm 2003; 56 (1): 71-75. [ Links ]

9. Okumura M. Atendimento pré-hospitalar de vítimas de acidentes de trânsito (Serviço de Atendimento de Primeiro Socorros da DERSA). Rev Hosp Clin Fac Med USP 1989 maio-jun; 44(3): 128-32. [ Links ]

10. Ferreira CSW. Os serviços de assistência às urgências no Município de São Paulo: implantação de um sistema de atendimento pré hospitalar [dissertação]. São Paulo (SP): Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 1999. [ Links ]

11. Malvestio MAA. Suporte avançado à vida: análise da eficácia do atendimento a vítimas de acidentes de trânsito em vias expressas [dissertação]. São Paulo (SP): Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2000. [ Links ]



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A inserção da enfermeria no atendimento pré-hospitalar






erceber através da mídia e, particularmente junto aos profissionais envolvidos nesse tipo de atendimento. Também os órgãos governamentais têm se preocupado em organizar melhor esse tipo de atenção à saúde, tornando este modelo um assunto debate constante em todos os meios.

Segundo o Ministério da Saúde(1), o atendimento pré-hospitalar pode ser definido como a assistência prestada em um primeiro nível de atenção, aos portadores de quadros agudos, de natureza clínica, traumática ou psiquiátrica, quando ocorrem fora do ambiente hospitalar, podendo acarretar seqüelas ou até mesmo a morte.

O APH é relativamente novo no Brasil e, visando a unificação da estrutura e melhora na assistência, o Ministério da Saúde optou recentemente pela implantação de um serviço com características do modelo francês, o SAMU(2), apesar da existência de várias experiências nacionais diferentes. Dentre elas, destacam-se os serviços pioneiros denominados "Grupo de Emergência do Corpo de Bombeiros(3)" e o "Projeto Resgate(4)", estabelecidos na década de 80 do século XX, respectivamente no Rio de Janeiro e em São Paulo, nos quais se inseriu a enfermeira na assistência à atenção pré-hospitalar pela primeira vez.

Há um crescente avanço nos estudos sobre essa temática. Principalmente com a descentralização administrativa do atendimento pré-hospitalar da corporação dos bombeiros em favor dos órgãos de saúde. A legislação pertinente é recente e o modelo ainda está sendo implantado em várias partes do país, o que torna oportuno estudar como se deu a sua criação e, particularmente, a inserção da enfermeira nesse tipo de serviço.

Este estudo pretende, então, enfocar principalmente duas problemáticas: como se deu a inserção da enfermeira no atendimento pré hospitalar e quais as possibilidades de ampliação da atuação desta profissional nos diversos serviços implantados no país.

Toda mudança provém de conhecimentos passados, portanto, é preciso conhecer como se deu a inserção da enfermeira no atendimento pré-hospitalar para melhor entender as mudanças ocorridas nesta área e compreender períodos como este, de transição, vivenciados no início do terceiro milênio, para refletir sobre os encaminhamentos a serem dados para a prática profissional nesse campo.




O Projeto Resgate

Um acordo assinado entre o Brasil e a França, através de uma solicitação do Ministério da Saúde (MS), deu origem ao Serviço de Atendimento Móvel às Urgências (SAMU)(2).

Várias cidades possuem ou estão implantando o SAMU, mas foi em São Paulo que a criação do Projeto Resgate(4) - SAMU-SP teve maiores repercussões. Isto se deu em 1989. Este projeto era apoiado por uma resolução conjunta entre as Secretarias Estaduais da Saúde, que possibilitou a implantação do Suporte Avançado à Vida; e de Segurança Pública (Corpo de Bombeiros e Grupamento de Rádio Patrulha). Dispunha de 35 viaturas de resgate (UR) tripuladas por 3 bombeiros treinados a prestar os primeiros socorros e 2 viaturas de unidade de salvamento (USA), semelhantes a uma UTI móvel, tripuladas por um médico e uma enfermeira que, neste período, estava fase de implantação. Além disso, havia 3 helicópteros equipados com respirador, desfibrilador, materiais e medicamentos de primeiros socorros, tripuladas por dois pilotos, um médico e uma enfermeira(4). Em outubro de1997 iniciou-se, dentro do sistema 192 do Município de São Paulo o Suporte Avançado à Vida, com o treinamento das equipes de médicos e enfermeiras, com efetiva operacionalização em dezembro do referido ano.

Apesar deste acordo com a França, a realidade brasileira não permitia a predominância do sistema no molde francês devido à escassez de recursos; havendo necessidade de adaptações à nossa realidade, daí a explicação para mescla dos moldes francês e norte-americano em vários sistemas de atendimento pré-hospitalar em todo Brasil.

No Sistema Integrado de Atendimento ao Trauma e Emergências SIATE, proposto pelo Ministério da Saúde (MS) e implantado inicialmente em 1990, em Curitiba, numa ação conjunta entre a Secretaria Estadual de Saúde e Secretaria de Segurança Pública, o atendimento era realizado pelos Socorristas de Corpo de Bombeiros e contava com "médicos dentro do sistema regulador que poderiam ser deslocados para o local da emergência quando necessário, dependendo da situação". O SIATE serviu de modelo para a estruturação do APH em nível nacional, iniciada a partir de 1990, com a criação do Programa de Enfrentamento às Emergências e Traumas (PEET) pelo MS(8).

Em Ribeirão Preto, o SAMU entrou em operação em 8 de outubro de 1996, já possuindo o Suporte Avançado à Vida, com seus elementos obrigatórios: médico e enfermeira. Em março de 1998, foi concretizada, ainda que experimentalmente, a Central de Regulação Médica da mesma cidade(2).

Em fevereiro de 1999, o SAMU foi mais uma vez expandido, com a inclusão das unidades de suporte básico (USB). Para tanto, o SAMU mantinha seus dois serviços (a Central de Regulação Médica e o Serviço de Atendimento Pré-hospitalar) coesos e interligados, organizados e supervisionados pelo coordenador do Programa de Assistência Emergencial, no qual se insere o SAMU. Subordinados ao coordenador estavam o diretor médico e o diretor de enfermagem, sendo este cargo exercido pelo Coordenador do Programa de Serviços Externos(2) (rede192).

A implantação do SAMU em Porto Alegre(8) se deu por volta de 1995, através de um termo de cooperação técnica com a França.

Já em Santa Catarina(8) o primeiro serviço foi instalado junto ao Corpo de Bombeiros de Blumenau, em 1987, e foi aperfeiçoado com o Projeto de Atendimento Pré-hospitalar do Ministério da Saúde (PAPH-MS) a partir de 1990. Vários cursos de treinamento denominados ASU foram realizados em todo estado. Em 1995, o Corpo de Bombeiros, em convênio com o Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), realizou o primeiro (e único) curso de Técnicos de Emergências Médicas. Posteriormente, reconhecendo o denominado Suporte Básico de Vida (SVB) como cuidado de enfermagem, foram realizados cursos de Auxiliar de Enfermagem, através do Projeto Auxiliar de Enfermagem, de responsabilidade do Departamento de Enfermagem de Saúde Pública UFSC, para a formação de socorristas-bombeiros que, posteriormente, no mesmo projeto, foram requalificados como técnicos de enfermagem(8).

Como se pode perceber, são vários os lugares e tentativas de se estruturar o atendimento pré-hospitalar no Brasil, cada qual com suas peculiaridades, evidenciando necessidades sociais semelhantes e soluções técnico-políticas diferentes. Esta situação causou preocupação nos órgãos fiscalizadores do exercício da Medicina e da Enfermagem, inaugurando uma nova era para o APH e convocando o Ministério da Saúde a mediar essas relações.




REFERÊNCIAS

1. Ministério da Saúde (BR). SAMU. [citado em 26 out 2003]. Disponível em: URL: http://www.dtr2001.saude.gov/samu.htm [ Links ]

2. Lopes SLB, Fernandes RJ. Uma breve revisão do atendimento médico pré-hospitalar. Medicina 1999 out-dez; 32: 381-387. [ Links ]

3. Plotjowski LM, Santos RR, Souza CAS, Espinosa A, Moraes MAP, Souza SR. Atendimento de emergência pré hospitalar. Prat Hosp 1988; 3(3):40-4. [ Links ]

4. Tacahashi DM. Assistência de enfermagem pré-hospitalar às emergências um novo desafio para a enfermagem. Rev Bras Enferm 1991; 44(2/3): 113-5. [ Links ]

5. Ramos VO, Sanna MC. Estudo bibliométrico sobre atendimento pré-hospitalar. In: Anais do 2º Congresso Nursing; 2004 abril 29-30; São Paulo (SP). São Paulo (SP): Congresso Nursing; 2004. p.76-7. [ Links ]

6. Azevedo TMVE. Atendimento pré-hospitalar na Prefeitura do Município de São Paulo: análise do processo de capacitação das equipes multiprofissionais fundamentada na promoção da saúde [dissertação]. São Paulo (SP): Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2002. [ Links ]

7. Thomaz RR, Lima FV. Atuação do enfermeiro no atendimento pré hospitalar na cidade de São Paulo. Acta Paul Enferm 2000; 13(3): 59-65. [ Links ]

8. Martins PPS, Prado ML. Enfermagem e serviço de atendimento pré-hospitalar: descaminhos e perspectivas. Rev Bras Enferm 2003; 56 (1): 71-75. [ Links ]

9. Okumura M. Atendimento pré-hospitalar de vítimas de acidentes de trânsito (Serviço de Atendimento de Primeiro Socorros da DERSA). Rev Hosp Clin Fac Med USP 1989 maio-jun; 44(3): 128-32. [ Links ]

10. Ferreira CSW. Os serviços de assistência às urgências no Município de São Paulo: implantação de um sistema de atendimento pré hospitalar [dissertação]. São Paulo (SP): Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 1999. [ Links ]

11. Malvestio MAA. Suporte avançado à vida: análise da eficácia do atendimento a vítimas de acidentes de trânsito em vias expressas [dissertação]. São Paulo (SP): Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2000. [ Links ]

12. BRASIL. Conselho Federal de Medicina. Resolução do CFM nº 1.529/98: dispõe sobre a normatização da atividade médica na área da urgência, emergência na sua fase pré hospitalar. [citado em 14 set 2004]. Disponível em: URL: http://dtr2001.saude.gov.br/samu/legislacao/leg_res1529.htm [ Links ]

13. Ministério da Saúde (BR). Portaria 824/GM de 24 de julho de 1999: Normatiza o atendimento pré hospitalar e o transporte inter-hospitalar no Brasil. Brasília, 1999. Diário da República Federativa do Brasil 2m 25 jun.1999. [ Links ]



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Atendimento pré-hospitalar: caracterização das ocorrências de acidente de trânsito



INTRODUÇÃO

Os acidentes de trânsito têm sido alvo de grande preocupação no Brasil e no mundo, pelo elevado número de vítimas jovens que atingem e pelos impactos sociais, econômicos e pessoais que provocam. No Rio Grande do Sul, a mortalidade por causas externas foi a mais acentuada na faixa etária de 1 a 39 anos, em 2002. Esses óbitos foram decorrentes de homicídios e de acidentes de transporte, numa tendência linear ascendente, e são responsáveis pelos maiores índices do indicador anos potenciais de vida perdidos, visto que atingiram uma população extremamente jovem(1).

No Brasil, as causas externas representaram a terceira causa de morte no país, no ano de 2000, com 14,5% do total de mortes. Nas duas últimas décadas, os acidentes de trânsito foram a principal razão das mortes por causas externas no Rio Grande do Sul, enquanto nas outras regiões do Brasil, foram superados pelos homicídios. Os acidentes de trânsito, em 2000, representaram 29,4% dos óbitos por causas externas, no Estado, enquanto os homicídios chegaram a 25,4%(2).

O serviço de atendimento pré-hospitalar (APH) envolve todas as ações que ocorrem antes da chegada do paciente ao ambiente hospitalar, e pode influir positivamente nas taxas de morbidade e mortalidade por trauma. A assistência qualificada na cena do acidente, o transporte e a chegada precoce ao hospital são fundamentais para que a vítima chegue ao hospital com vida(3). O APH é realizado através de duas modalidades: o suporte básico à vida, que se caracteriza por não realizar manobras invasivas e o suporte avançado à vida, que possibilita procedimentos invasivos de suporte ventilatório e circulatório(4).

Esse cenário que envolve o APH tem sido objeto de alguns estudos epidemiológicos sobre a população atendida, incluindo o perfil das vítimas atendidas, diagnóstico de lesões, coeficientes de letalidade, entre outros aspectos. É necessário ampliar o conhecimento em relação às ocorrências de acidente de trânsito e ao papel que o atendimento pré-hospitalar vem desenvolvendo.

Nesse sentido, os objetivos deste estudo foram identificar as ocorrências atendidas por um serviço de atendimento pré-hospitalar,em um grande centro urbano do sul do País; e caracterizar as ocorrências decorrentes de acidente de trânsito, em relação ao horário em que aconteceram, dia da semana e configuração da equipe envolvida no atendimento.



MÉTODOS

Neste estudo descritivo de corte transversal utilizamos, como fonte de informações para coleta de dados, as fichas de regulação, que foram preenchidas pelos auxiliares de regulação, rádio operadores e médicos reguladores, em um serviço de atendimento pré-hospitalar de Porto Alegre, no período de julho a setembro de 2003. A ficha de regulação é gerada para cada chamado recebido, sejam as solicitações de socorro e de transporte que são atendidas, ou as que apenas recebem orientação do médico, por telefone, ou mesmo as que não são atendidas por falta de recursos no momento, ou por não serem pertinentes. Nessa ficha verificamos os seguintes itens: motivo da solicitação de socorro, descrição da ocorrência, data, horário do chamado, equipe que foi enviada para o atendimento, categorias profissionais que compõem a equipe.

Foram verificadas 12.729 fichas de regulação, sendo que 5.247 não geraram ocorrência, 6.430 referiam-se a ocorrências de solicitação de socorro e 1.052 de transporte simples ou medicalizado de pacientes. Consideramos como unidade para caracterização da ocorrência, o acidente, que pode ter sido atendido por uma ou mais equipes, cada uma delas gerando uma ficha de regulação, mas sem se constituir, entretanto, em uma nova ocorrência.

As equipes de suporte básico e suporte avançado foram definidas a partir da configuração da equipe ou equipes envolvidas no atendimento, sem considerar as características do veículo utilizado, pois a ambulância de suporte básico, quando recebe o apoio do veículo rápido, equipara-se à de suporte avançado, da mesma forma que esta, quando tripulada por uma equipe composta por motorista, auxiliar ou técnico de enfermagem e mesmo a enfermeira, sem a presença do médico, atua como suporte básico.

O tratamento e análise dos dados foram realizados de forma descritiva, com a distribuição absoluta e relativa das informações obtidas nas fichas de regulação. Foram empregados na pesquisa percentuais e médias, sendo apresentados os resultados na forma tabular.

Obteve-se autorização institucional para exame das fichas de regulação e coleta de dados e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Pronto Socorro Municipal de Porto Alegre.



RESULTADOS

Entre as 6.430 fichas referentes às ocorrências de solicitação de socorro atendidas, a incidência do trauma foi de 35,2% e a incidência de ocorrências não traumáticas caracterizadas como clínicas, obstétricas e psiquiátricas, foi de 64,8%.

No que se refere aos acidentes de trânsito, verificamos que representaram 57,9% das ocorrências de trauma, sendo superior às quedas (26,9%), violência interpessoal que engloba a agressão e os ferimentos por arma branca e arma de fogo (12,1%) e outras (3,1%), conforme apresentamos na Tabela 1. Na categoria outras causas agrupamos ocorrências diversas, tais como queimadura, corte, incêndio, choque elétrico, soterramento, mordida de cão.









Os acidentes de trânsito relacionaram-se aos atropelamentos, numa proporção de 30,7% das ocorrências e às colisões 69,3%. Na categoria colisão foram englobadas: colisão, abalroamento, capotagem e choque com objeto fixo, envolvendo qualquer veículo (ônibus, carro, lotação, caminhão, carroça, motocicleta, bicicleta).

As ocorrências aconteceram com regulação médica e, conforme os dados da Tabela 2, apresentaram maior freqüência (37,7%) no turno da tarde, seguido do turno da noite (25,5%) e manhã (23,8%). O turno da madrugada, compreendido entre 1 e 6 horas, teve a menor incidência de ocorrências (13,0%).









Os atendimentos às ocorrências de acidente de trânsito distribuíram-se em todos os dias da semana, com relativa concentração nos finais de semana (32,2%) no mês de agosto. No entanto, essa tendência não se repetiu nos outros meses analisados, visto que julho apresentou uma concentração maior das ocorrências na quinta-feira (19,4%) e quarta-feira (17,5%), totalizando 36,9% enquanto no mês de setembro ocorreram na segunda-feira e sábado (33,1%).







Em relação às equipes envolvidas no atendimento, identificou-se que a de suporte básico, constituída por um auxiliar ou técnico de enfermagem e um motorista, foi a que mais realizou os atendimentos (1.107) atingindo um percentual de 84,5%. Em 11,2% das ocorrências (147), a enfermeira participou da equipe, sendo que em 6,2% (82) estava em supervisão, em 0,7% (9) substituindo o auxiliar de enfermagem e em 4,3% (56) compondo a equipe de suporte avançado, junto com o médico. A participação do médico aconteceu em 8,3% das ocorrências (109).







DISCUSSÃO

Os serviços de APH no País e no Rio Grande do Sul surgiram a partir de demandas em situações de emergência relacionadas ao trauma. Verificamos que outras demandas reprimidas, não atendidas pela Rede Pública de Saúde, passaram a ser atendidas pelo pré-hospitalar, representando um acréscimo nos atendimentos classificados como intercorrências clínicas, que envolvem afecções neurológicas, problemas cardíacos e respiratórios, atendimentos obstétricos e psiquiátricos.

Estudos realizados nesse serviço de atendimento pré-hospitalar, nos períodos de novembro de 1995 a abril de 1996(5) e de janeiro a junho de 1999(6) revelaram uma incidência de ocorrências de trauma de 40% em 1996 e 28,1% em 1999. Indicaram também a predominância de acidente de trânsito em relação ao conjunto das ocorrências de trauma, num percentual de 51% e 54%, respectivamente. A incidência de 57,9% constatada neste estudo mostra um aumento dessas ocorrências, seguindo a tendência linear ascendente da mortalidade decorrente desse agravo, apontada pelos indicadores de mortalidade, nas estatísticas de saúde do Rio Grande do Sul(1).

Analisando dados(7) referentes aos acidentes de trânsito com vítimas, ocorridos em Porto Alegre, identificou-se uma diminuição nos anos de 1998 e 1999, possivelmente em função da aprovação do Código de Trânsito Brasileiro. A partir de 1999, houve um aumento considerável desses acidentes, passando de 4.891, em 1999, para 6.156, em 2003. Em relação aos meses de julho, agosto e setembro de 2003, foram registrados 549, 579 e 520 acidentes com vítimas numa média diária que chegou, respectivamente, a 18,7 em agosto, e em julho 17,7 e 17,3 em setembro. Comparando estes dados com o número de ocorrências atendidas pelo serviço de atendimento pré-hospitalar, constatamos que os atendimentos aconteceram em 74 a 81% dos acidentes registrados em Porto Alegre, enquanto o restante foi realizado pelo Corpo de Bombeiros, Brigada Militar, Empresa Pública de Transporte e Circulação, serviços privados, ou a vítima foi removido por meios próprios. Esses dados demonstram a influência do APH no atendimento às vítimas de acidentes de trânsito, podendo repercutir positivamente na redução da morbimortalidade decorrente desse agravo.

Apesar de as colisões serem mais freqüentes, observamos que os acidentes envolvendo pedestres tendem a ser mais graves. As estatísticas referentes aos acidentes de trânsito destacam o pedestre, vítima de atropelamento (cerca de 40% das mortes) como o elemento mais vulnerável no trânsito(2). Estudos realizados em Brasília(8) e em Curitiba(9) apresentam dados semelhantes em relação à caracterização dos acidentes quanto ao tipo, assim como mostram que os atropelamentos, apesar de serem em menor quantidade, são os responsáveis pela maior quantidade de óbitos decorrentes de trauma.

Em Londrina, Paraná, no período de janeiro a junho de 1996, identificou-se que o horário de maior média de vítimas/dia variava conforme os dias da semana. Aos sábados e domingos o período com o maior número de vítimas foi das 20 às 21 horas, enquanto nos outros dias da semana o pico foi observado no horário das 18 às 19 horas, assim como no início do turno da manhã, das 6 às 9 horas, e no início da tarde, das 13 às 14 horas(10). Acreditamos que a maior incidência de ocorrências atendidas no turno da tarde deva-se ao maior fluxo de veículos e pedestres nesse horário, o que aumenta as chances de ocorrerem acidentes de trânsito.

Os estudos já realizados não permitem conclusões quanto a maior incidência de atendimento a ocorrências de acidentes de trânsito em algum dos dias da semana, sendo necessária a realização de um estudo abrangendo um espaço de tempo maior, para avaliar não só o período em que ocorrem os acidentes, mas também suas características e gravidade. Os acidentes nas rodovias apresentam variações de acordo com o dia da semana, com maior incidência no final de semana, conforme dados de 1993 a 1994(11). No entanto, esse aumento no fluxo de veículos nas rodovias, que ocorre nos finais de semana, contribuindo para o aumento na incidência de acidentes de trânsito, não se repete nos centros urbanos, pois sua dinâmica é diferente.

Em Porto Alegre, de janeiro a junho de 1999, as remoções de pacientes hospitalizados representaram 46,9% dos atendimentos, sendo 62,8% das remoções realizadas por equipe socorrista, constituída por motorista e auxiliar de enfermagem, enquanto 7,4% foram remoções medicalizadas(6).

O perfil do atendimento, com ênfase no trabalho das equipes de suporte básico, cumpre a finalidade do pré-hospitalar que é de fundamental importância na prevenção das lesões secundárias, devendo ser realizado no menor tempo e de forma que mantenha a estabilidade clínica da vítima até a chegada ao hospital(11).

Esse cenário encontra respaldo em estudos internacionais(12), os quais sugerem que o atendimento de suporte básico de vida, no ambiente pré-hospitalar diminui a mortalidade dos pacientes vítimas de trauma, quando comparado com o suporte avançado. Os autores ressaltam que em situações de trauma o tempo é essencial e, nesses estudos, verificou-se que quanto mais tempo é gasto na cena, realizando procedimentos avançados, mais tardiamente o paciente recebe o atendimento definitivo, tendo, conseqüentemente, os piores resultados.

A participação da enfermeira no atendimento pré-hospitalar é recente e, constitui-se numa prática nova para os padrões de Enfermagem tradicional. A enfermeira passou a atuar na assistência direta às vítimas atendidas no pré-hospitalar a partir da década de 90, quando foram incorporadas aos serviços das unidades de suporte avançado(13). No atendimento às vítimas de acidente de trânsito identificou-se uma dimensão ainda não relatada, caracterizada como supervisão, em que a enfermeira se soma à equipe no atendimento de suporte básico, participando do atendimento em si e colhendo subsídios para aprimorar esse trabalho, tanto no campo técnico como no das relações.



CONCLUSÃO

Os dados epidemiológicos e de caracterização das ocorrências que foram analisados demonstram a relevância do atendimento às vítimas de acidentes de trânsito.

Constatou-se que o atendimento pré-hospitalar em todas as suas ações, seja de remoção ou de atendimento de urgência, é realizado, majoritariamente, pelas equipes de suporte básico. A enfermeira ampliou o seu espaço de atuação nesse campo, nos últimos anos. Além do trabalho de gerência e administração, ela tem maior inserção no trabalho assistencial, seja no âmbito do atendimento com suporte avançado ou suporte básico.

Em algumas situações, o atendimento pré-hospitalar torna-se a "porta de entrada" no Sistema de Saúde. Nesse sentido, uma análise mais detalhada dos atendimentos realizados no serviço de atendimento pré-hospitalar poderia mostrar o funcionamento do sistema de saúde no Município, apontando as situações em que se torna necessária alguma intervenção específica.

Identifica-se a necessidade de aprofundarmos o conhecimento nessa área, buscando subsídios para a prevenção desses agravos, a formação e qualificação dos trabalhadores e a estruturação do trabalho baseado na interdisciplinariedade.



REFERÊNCIAS

1. Rio Grande do Sul. Secretaria da Saúde. Estatísticas de saúde: mortalidade 2001. Porto Alegre: Coordenadoria de Informações em Saúde; 2002. v. 26. [ Links ]

2. Brasil. Ministério do Planejamento. Orçamento e Gestão. Síntese de indicadores sociais: 2003. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; 2004. [Estudos e pesquisas. Informação Demográfica e Socioeconômica; n. 12]. [ Links ]

3. Ribeiro KP. O enfermeiro no serviço de atendimento ao politraumatizado. In: Freire E. Trauma: a doença dos séculos. São Paulo: Atheneu; 2001. v . 1. p. 499-508. [ Links ]

4. Malvestio MAA, Sousa RMC. Suporte avançado à vida: atendimento a vítimas de acidentes de trânsito. Rev Saúde Pública. 2002; 36(5): 584-9. [ Links ]

5. Junqueira Júnior G, Pinto RD, Praetzel R, Pinto RD, Camargo S. Estudo epidemiológico dos atendimentos do SAMU – Serviço de Atendimento Médico de Urgência. Rev HPS. 1997; 43:22-4. [ Links ]

6. Pereira RF, Pinto RD, Ciconet, RM. Caracterização dos atendimentos prestados pelo SAMU. Rev HPS. 1999/2000; 45/46:6-9. [ Links ]

7. Rio Grande do Sul. Departamento de Trânsito. Acidentes de trânsito com vítimas no Rio Grande do Sul: comparativo 1997 a 2003 [monografia na Internet]. Porto Alegre; [2004?]. [citado 2004 Abr 16]. Disponível em: http://www.detran.rs.gov.br/estatisticas/2003/acid_97_2003.htm. [ Links ]

8. Camargos EF, Peixoto ER, Rocha IS, Amaral MA, Nogueira MARJ, Velloso GR. Acidentes de trânsito em Brasília. Caracterização dos acidentes e das vítimas atendidas no Hospital de Base do Distrito Federal. Rev Saúde Dist Fed. 1997; 8(1):22-6. [ Links ]

9. Karstein AA, Burin JR, Arantes RKC, Falavinha RS. Análise epidemiológica das vítimas atendidas pelo SIATE e transportadas ao Hospital Cajuru. Rev Bras Ortop. 1996; 31(6):485-90. [ Links ]

10. Andrade SM, Mello Jorge MHP. Características das vítimas por acidentes de transporte terrestre em município da Região Sul do Brasil. Rev Saúde Pública. 2000; 34(2):149-56. [ Links ]

11. Rodrigues LA, Miller ELC. Trauma por acidentes de veículos em rodovias. In: Freire E. Trauma: a doença dos séculos. São Paulo: Atheneu; 2001. v.1. cap. 21. p. 349-72. [ Links ]

12. Liberman M, Mulder D, Sampalis J. Advanced or basic life support for trauma: meta-analysis and critical review of the literature. J Trauma. 2000; 49(4):584-99. [ Links ]

13. Thomaz RR, Lima FV. Atuação do enfermeiro no atendimento pré-hospitalar na cidade de São Paulo. Acta Paul Enfermagem. 2000; 13(3):59-65. [ Links ]





Autor Correspondente:
Waleska Antunes da P. Pereira
Av. Protásio Alves, 2631/200
Porto Alegre - RS
CEP. 90410-002
E-mail: waleskaa@via-rs.net

Artigo recebido em 11/04/2005 e aprovado em 24/05/2006



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